Participação em Antologia

- Mil poemas para Gonçalves Dias - Univ. Federal do Maranhão - http://issuu.com/leovaz/docs/mil_poemas1a_-_parte_1

domingo, 14 de abril de 2013

Ciranda da vida...



   Durante a minha infância participei de várias brincadeiras, dentre elas a cantiga Escravos de Jó... que, hoje, muitas crianças desconhecem.

“Escravos de Jó, jogavam caxangá
Tira, bota, deixa o Zé Pereira ficar...
Guerreiros com guerreiros fazem zigue zigue zá
Guerreiros com guerreiros fazem zigue zigue zá...”

           No antigo testamento encontramos um personagem bíblico chamado Jó. Homem de extrema integridade e lealdade inabalável a Deus que se esquivava a todo o momento do “mal” (Diabo).  No entanto, o “mal” denegriu a retidão de Jó, caluniou e desafiou a Deus.
Segundo as escrituras bíblicas, após a permissão de Deus, o Diabo iniciou uma sucessão de calamidades contra esse homem fiel num esforço de desviá-lo de servir a Deus, fato que não conseguiu. O “mal” estava diante de um homem possuidor de grande fé e paciência.
Não há relatos que Jó possuía escravos ou, ainda, jogava caxangá. Aliás, caxangá possuí vários significados: chapéu usado por marinheiros, crustáceo parecido com um siri ou, ainda, caá-çangá – mata extensa – de acordo com o dicionário Tupi-Guarani-Português, de Francisco da Silveira Bueno.
Admite-se que a cultura Afro tenha apropriado-se desta figura para simbolizar o homem rico da cantiga de roda. Já os escravos fugitivos, para despistarem do capitão-do-mato, faziam zigue-zague (zigue zigue zá).
Somos responsáveis para que essa e outras brincadeiras não deixem de existirem no “mundo” das nossas crianças.
Desta maneira, seremos capazes de formar cidadãos libertos da escravidão da ignorância por falta do conhecimento e que traga dentro de si os pilares básicos como disciplina, ética, gratidão, religiosidade e solidariedade.
Que nas suas “guerras” diárias, ao longo da vida, sejam capazes de zigue zigue zárem dos percalços com a “paciência" e a retidão de Jô.

Alexander Man Fu