Durante a minha infância participei de várias
brincadeiras, dentre elas a cantiga Escravos
de Jó... que, hoje, muitas crianças desconhecem.
“Escravos
de Jó, jogavam caxangá
Tira,
bota, deixa o Zé Pereira ficar...
Guerreiros
com guerreiros fazem zigue zigue zá
Guerreiros
com guerreiros fazem zigue zigue zá...”
No antigo testamento encontramos um
personagem bíblico chamado Jó. Homem de extrema integridade e lealdade
inabalável a Deus que se esquivava a todo o momento do “mal” (Diabo). No entanto, o “mal” denegriu a retidão de Jó,
caluniou e desafiou a Deus.
Segundo as escrituras bíblicas,
após a permissão de Deus, o Diabo iniciou uma sucessão de calamidades contra
esse homem fiel num esforço de desviá-lo de servir a Deus, fato que não
conseguiu. O “mal” estava diante de um homem possuidor de grande fé e paciência.
Não há relatos que Jó possuía
escravos ou, ainda, jogava caxangá. Aliás, caxangá possuí vários significados:
chapéu usado por marinheiros, crustáceo parecido com um siri ou, ainda,
caá-çangá – mata extensa – de acordo com o dicionário Tupi-Guarani-Português, de Francisco da Silveira Bueno.
Admite-se que a cultura Afro tenha
apropriado-se desta figura para simbolizar o homem rico da cantiga de roda. Já
os escravos fugitivos, para despistarem do capitão-do-mato, faziam zigue-zague
(zigue zigue zá).
Somos responsáveis para que
essa e outras brincadeiras não deixem de existirem no “mundo” das nossas
crianças.
Desta maneira, seremos capazes
de formar cidadãos libertos da escravidão da ignorância por falta do
conhecimento e que traga dentro de si os pilares básicos como disciplina,
ética, gratidão, religiosidade e solidariedade.
Que nas suas “guerras” diárias,
ao longo da vida, sejam capazes de zigue zigue zárem dos percalços com a
“paciência" e a retidão de Jô.
Alexander Man Fu
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